Detox
O metal é um elemento caracterizado por ter uma tendência em ceder elétrões e ter conductividade térmica e elétrica elevadas. Os metais são sólidos, com excepção do mercúrio, são geralmente dúcteis, maleáveis e podem formar ligas.
Dentro do grupo dos metais existe um grupo denominado “metais pesados”, cujo termo “metais pesados” foi usado pela primeira
vez em 1936, pelo dinamarquês Niels Bjerrum que definiu esta classe de elementos em função da densidade (SANTANA, 2008), isto é, os “metais pesados” são os elementos metálicos com densidade alta comparada com os outros metais. Este grupo de metais ocorre em sistemas naturais em pequenas concentrações e apresentam densidade igual ou acima de 5 g/cm3, mas ainda não existe um consenso quanto a densidade. Lasat (2000) sugere uma definição baseada no número atómico ao considerar que são elementos com propriedades metálicas e número atómico maior do que 20, sendo os metais pesados contaminantes mais comuns o Cd, Cr, Cu, Hg, Pb e Zn.
A maioria dos elementos químicos está envolvida em ciclos fechados na natureza, em concentrações que não causam efeitos nocivos aos organismos. Contudo, a introdução de substâncias químicas nesses compartimentos pode ocasionar a sua bioacumulação na cadeia alimentar nos ambientes aquáticos e terrestres, onde a exposição crónica à baixa concentração de metais pesados resulta em disfunções imunológicas.
O organismo apresenta um mecanismo homeostático que mantém as concentrações dos elementos traços a níveis aproximadamente constantes. A absorção dos elementos essenciais faz com que a sua actividade benéfica cresça com a concentração, até atingir um nível de saturação, este mecanismo permite que todo o excesso seja eliminado. Mas, se a concentração se elevar a ponto de tornar o mecanismo de defesa ineficiente, o carácter tóxico manifesta-se.
Os metais pesados afectam gravemente as funções celulares fundamentais por mecanismos complexos, nem sempre bem conhecidos. Modificam as estruturas celulares, as enzimas e substituem metais co-fatores de atividades enzimáticas.
A toxicidade dos metais relaciona-se com pelo menos três tipos de influências:
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a interação com metais essenciais por afinidade eletrónica;
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o bloqueio de grupos funcionais essenciais à atuação de uma biomolécula;
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inibição enzimática de proteínas com grupos SH - com modificações na conformação de sítios activos e na estrutura quaternária de proteínas (VIRGA; GERALDO; SANTOS, 2007; FERRER, 2003).
Segundo Costa et al. (2008) os processos de acumulação nos organismos envolvem:
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bioconcentração - que é o processo pelo qual uma substância química é absorvida do ambiente aquático pelo organismo por meio das superfícies respiratórias e dérmicas;
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bioacumulação ou a exposição ao contaminante - por meio da dieta alimentar e a biomagnificação que é um termo que inclui todas as rotas de exposição ao contaminante.
A eliminação do contaminante do organismo pode ocorrer por troca respiratória, excreção fecal, biotransformação metabólica do contaminante de origem e diluição resultante do crescimento.
A toxicidade dos compostos metálicos diferencia-se da maioria das moléculas orgânicas e depende da característica do elemento metálico em questão. A toxicidade depende das modificações toxicocinéticas derivadas do tipo de molécula e um dos fatores que influi na toxicidade é o estado de valência no qual o elemento metálico se encontra (FERRER, 2003).
A biodisponibilidade, a toxicidade e a dependência das espécies nos fenómenos de transporte, estão relacionadas à forma química da substância, por isso, a determinação da concentração total de um metal pesado em uma amostra de água oferece informação relativa sobre a sua toxicidade. (BISINOTI; YABE; GIMENEZ, 2004).